sábado, 3 de novembro de 2007

Só ama quem conhece

Já me falaram muito de amor, já ouvi muito sobre amor. Em tempos de falta de confiança, de animosidades e barbarismos nas relações que se pretendem sérias, mas não o são face à desconfiança imperativa dos dias em que ninguém é de ninguém, os sentimentos que poderiam fluir livres são vilipendiados por falta de conhecimento do outro.
Está todo mundo tão preocupado com o que vai sofrer de decepção que se esquece de conhecer a pessoa com quem se deita. Parece que estranhos fazem sexo, se procuram e se dão, mas com reservas. Os corações vivem magoados, os olhos apertados como se quisessem perceber entrelinhas em tudo. Fuça-se orkut, monitora-se o celular, ‘hackeia-se’ a senha da caixa postal, intercepta-se a correspondência e vive-se o inferno na Terra ou em casa mesmo.
Se ele lhe trouxe flores, é porque aprontou alguma; se chegou mais cedo, foi para se redimir; se telefonou, foi porque se enganou ao discar; se dormiu e não ligou, deveria estar aprontando… vai ver que é mentira, vai ver que a pessoa não presta, vai ver que… que… que…
Por conta deste comportamento, muita gente tem demonstrado que não merece ser amada. Ou que tem medo de amar e por isso se protege, denegrindo diante de si mesma a imagem do outro. Amor é entrega e confiança, é respeito também. Ninguém está isento de ciúmes, ninguém está imune a uma insegurançazinha… mas trazer o dantesco para o cotidiano, isso é coisa lá dos infernos.
Em meio às neuras diárias, homem e mulher se perdem ao invés de se encontrar. Gastam o potencial de amar que possuem desacreditando, desconfiando, destruindo o que se poderia construir com afeto.
É uma pena.

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