segunda-feira, 29 de outubro de 2007

"Não sou freira nem sou puta" (Rita Lee)


Ela tinha unhas azuis e um resquício tardio de juventude. Por muito tempo tinha sido filha, irmã, esposa e mãe. Agora estava sozinha, sem pai, sem mãe, os irmãos com suas vidas, os filhos construindo seu rumo. Era preciso encarar de frente aquilo que sempre tentara ignorar. Fora jogada no palco,de repente, e precisava com urgência dizer alguma coisa que fizesse sentido na peça em que iria atuar dali pra frente. Então, mesmo tropeçando nas primeiras falas, descobriu, após algum tempo, que os outros atores que ali se encontravam, também não sabiam o texto de cor, aliás, não havia texto algum... estavam contracenando a prórpia Vida ...
Quem é você, afinal???
Diante de uma pergunta dessas, à queima-roupa, quando o vinho já fazia um efeito complicador da lucidez necessária para um tal questionamento, eu, como pedra de gelo na beira do rodapé, fui me desmanchando em um longo filete de água sobre o assoalho, que ,crescendo devagar, não tendo um declive a favor,avançava em ponta arredondada, exposta e indefesa, uma forma derivada daquela que parecia estar aprendendo a se sentir inteira, uma igual no mundo dos sólidos elementos. Mas não contava com o agente externo capaz de fazê-la desabar para a líquida e certa sensação de "ser menor" das fêmeas da raça humana, desde há muito marcadas no universo masculino como seres cuja sexualidade é um tanto "difusa", e que eles, por conveniência ou medo, sempre tentaram ignorar. Aprendi com meu avô , meu pai e meu irmão mais velho, a reconhecer que eles tinham nas mãos o poder de decisão, eles pagavam as contas, eles diziam sim ou não e eles passavam a chave na fechadura. É verdade que nunca fui muito bem mandada, apesar de minha aparente fragilidade. Por isso, dentro de mim então, ratificou-se a idéia de que se eu fosse "forte" como os homens, eu ficaria em posição de igualdade ou pelo menos não teria que mendigar nada a nenhum deles. Isso aparecia na prática como uma certa agressividade, onde, na minha adolescência, eu não permitia de forma alguma que qualquer um me "tocasse" mais intimamente. Aquele aparente recato era, na verdade, a defesa que encontrei para não ser submetida, nem merecer o desdém e não me sentir naquela maldita posição de inferioridade. Eu odiava aqueles rapazes em grupos que , eu estando sozinha, aproveitavam para dizer obcenidades. Eu odiei também aqueles senhores que não tiravam os olhos de mim quando cheguei aos onze, doze anos. Esta invasão masculina , onde ainda hoje homens conhecidos de minha família não se pejam de ficar encarando minhas filhas, onde precisamos nos esquivar de abordagens indesejadas, isto ainda me deixa muito assustada. Mas eu não sou freira. Não sou moralista de plantão. Não tenho vergonha do meu corpo e daquilo que ele pede. Mas também não sou puta. Não me entrego de forma banal, em qualquer cama. Fui casada por mais de vinte anos e tive por todo este tempo somente um homem na minha vida. E agora, sozinha, percebo que tive uma trajetória muito dura, trabalhei fora, tive filhos, cuidei de casa. E o que fiz de mim mesma? De repente, diante da possibilidade de algum relacionamento, percebo que ainda estou lá, ouvindo alguém me dizer que não casasse, que ia jogar fora minha juventude... vejo-me lá, recebendo uma carta a uma semana do casamento, da pessoa que eu mais tinha amado. Da qual eu tinha fugido assustada, pois sabia que se permanecesse, iria me prender ainda muito jovem. Não estávamos na época onde casamentos se desfaziam com facilidade. Mas o mais contraditório , é que os direitos masculinos existiam gratuitamente, sem eles terem conquistado isso com algum esforço ou merecimento. Dessa forma, ainda criança, eu percebia a boa fé de meu avô com vizinhos menos escrupulosos, a fraqueza de meu pai, diante da rapinice de seus irmãos, a covardia de meu irmão, quando um menino mais forte faltou ao respeito comigo e ele se calou. É certo que, mesmo sem eu elaborar em palavras diretas, tal contexto marcou toda a minha forma de ser. Então, quem sou eu afinal??? Sou tudo isso que acabo de contar, mas sei que aquele fantasma da fêmea inferior ainda me assombra a existência. E o grande entrave para deixar fluir esta mulher inteira, segura, passa pelo problema do toque. O toque de alguém que eu não veja como inimigo. E inimigo era aquele que, ao me ter em suas mãos, seria meu "superior" , aquele que ia dispor da minha vida ao descobrir que eu era "igual" às outras mulheres, podendo catalogar-me como mulher séria ou "vagabunda". E isso eu não podia permitir. Nenhum homem teria esta chance. Nenhum!! E ontem, estando "catalogada" pela forma como me apresentei por muito tempo a uma pessoa, eu, ao tentar alterar o rumo das coisas, acho que fui muito direta. De repente, aquela fêmea que era dócil, medrosa, que fugia ao contato mais direto, resolveu comentar um pouco sobre suas visões de intimidade, falar de suas não vivências, de formas de relacionamento desejadas e recebeu palavras questionadoras, até cruéis, incrédulas diante do fato de nunca ter tido experiências de sexo intenso, de noites inteiras de prazer, terminando com a pergunta " então, o que você faz nesta vida, minha cara??" Eu estou nesta vida, tentando desde há muito existir sem a ajuda de qualquer homem. Mas sendo humana, eu estou sujeita a amar um deles. E estou aprendendo muito ultimamente. Com eles. Muito. E com a pergunta," afinal quem é você?", ficou claro pra mim o quanto posso ser "perigosa". E de como isso pode assustar. A fêmea em sua inteireza, a que seduz, que descobriu seu valor real e que neste caminho, estará encontrando seu eixo, sua integridade esfacelada lá na infância distante. Um caminho para o passado, uma porta que se abre hoje pra mim, pois voltando ao ponto de partida tentarei consertar o que foi danificado e estarei de volta pronta para viver intensamente de igual para igual em qualquer relação e dona das chaves de todas as portas que me interessarem.
(Tania Orsi Vargas)

domingo, 28 de outubro de 2007

PARA ENCONTRAR A FELICIDADE




A felicidade, com certeza, é o artigo mais procurado neste mundo, mas parece ser muito complicado encontrá-la. Possivelmente, pode ser devido a maneira errada com que a maioria das pessoas a procura.Dizem mesmo, que a felicidade total não existe, é impossível. O que realmente existe são momentos felizes que recebemos da vida.Teoricamente, contudo, pode ser muito fácil travar conhecimento com essa utópica personagem.Basta compreender que o mundo não é para ser disputado palmo a palmo, como se fosse algo destinado a propriedade exclusiva, mas sim compartilhado, porque nele existe lugar para todos que queiram viver em igualdade.Deixando de lado a vaidade desmedida que nos leva ao desejo de ser "o centro das atenções", entenderemos que a humildade é privilégio dos grandes, e apenas os medíocres não sabem disso. Justamente por não disporem de um real discernimento, procuram passar uma imagem de superioridade, quando na realidade quem efetivamente tem méritos, os vê reconhecidos, sem aquela necessidade de "aparecer", que é apanágio dos vaidosos e vazios.Sempre deveremos aprender a respeitar as pessoas, as plantas e os bichos como obras da mesma Natureza que nos fez, para assim crescermos espiritualmente.Melhorando assim nosso modo de pensar, não pensaremos mais em criticar outras pessoas, deixando que cada qual leve a vida à sua maneira.Precisamos sempre nos convencer de que não somos os donos da verdade. Cada qual tem a sua. Há que se respeitar o livre arbítrio. É válida a troca de opiniões, ou uma crítica construtiva, quando solicitada. Sempre é perigoso apontar erros alheios, porque sempre existirá alguém para apontar os nossos.Existem outras maneiras para tentar alcançar a felicidade, e também para procurar espalhar um pouco dessa felicidade conseguida. Acompanhem o itinerário.Caminhar ao lado de um amigo, sempre faz bem, principalmente se ele estiver com problemas, e pudermos ajudá-lo na solução.Sorrir sempre que cumprimentamos alguém, ou sempre que tivermos oportunidade, pois sorrir faz bem e é econômico. Um sorriso espontâneo e sincero torna as pessoas mais bonitas e muito mais simpáticas. Não podemos nos esquecer disso.Falar sempre de coisas boas, procurando conhecer o lado bom das pessoas. É fácil apontar defeitos, mas vamos também e principalmente, falar das virtudes.Erros do passado, devem ser esquecidos, e nunca repetidos. Sempre em nossas eventuais quedas, é importante saber como nos recuperar do golpe, sem nos desesperarmos.Quando eventualmente perdermos a calma, é importante respirar fundo, recuperando o controle antes de fazermos algo de irremediável.Devemos nos esquecer da inveja e da ingratidão, que são sentimentos que apenas trazem amargura para a vida. Pessoas invejosas e ingratas nunca são bem vistas, e não conseguem boas amizades. Ninguém aprecia sua companhia.Bem, tudo isso, é uma questão de aprendizado, não acontecendo de forma repentina. Mas, vale a pena tentar, pois a vida sempre irá melhorar.Ao conseguirmos inserir em nossa vida a prática cotidiana dessas atitudes positivas, fatalmente iremos melhorar não apenas nossa imagem perante os outros, como também nossa auto estima. Ao nos sentirmos bem conosco, nossa vida irá melhorar e muito.Não faremos apenas a felicidade alheia, como também e principalmente a nossa.Nossa vida deixará de ser apenas um fardo a ser carregado, cada vez mais pesado, sempre acrescido das desgraças vividas. Poderá transformar-se numa gostosa e gratificante caminhada de recreio. Tudo depende de como encararmos a vida.Para encerrar, uma mensagem que foi passada por meu guru L’Inconnu:A maioria das pessoas procura a felicidade como um fim, não como um caminho. Talvez por isso ela se torne tão inacessível e tão rara.E com esse belo lembrete, desejo a todos UM LINDO DIA.

(Marcial Salaverry)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Tudo Tem seu retorno ...




A miséria da alma não está instalada somente naqueles corações tristes e cruéis... Mas está instalada no orgulho, no descaso, na obediência de pessoas mesquinhas e inconscientes... Esses são os espíritos mais fracos, são bárbaros e ignorantes...São pessoas que se aproveitam da fraqueza do outro para mandar e se fazer obedecer ao qual esse deixa perdido e desorientado sua vítima. Todo espírito que vive cheio de ciúme e inveja, causando provocações, limitando e tocando o ponto fraco de sua vítima estará cada vez mais regredindo em sua evolução descendo cada dia um patamar a abaixo.Não adianta fugir do que já foi escrito no livro da vida. Nenhum mortal consegue mudar o que já foi traçado, se não pagar ou cumprir agora sua missão ficará em dívida, e a dívida da alma, não caduca ela dura até quando tudo estiver quitado. A Lei dos homens é cega, ignorante e estúpida...Mas a lei Divina, a Lei do Universo Espiritual a coisa muda de figura... A justiça de Deus. “Ela tarda, mas não falha jamais...” Não há poder maior que o poder de Deus e poder da nossa mente. Com mente podemos comandá-la tanto para bem como para o mal.Todo mal que você deseja a outrem, o Universo devolve-te em dobro. Tudo que fizer de ruim para alguém receberá sempre em dobro, da mesma forma quando usa de bondade. Lembre-se sempre dessas dez obrigações importantes para que não venha acontecer o mesmo com você e para que possa diminuir um pouco as tuas dívidas terrenas.Primeiro: Errou, peça perdão e se perdoe, se te pedires perdão, perdoa.Segundo: Não pise em ninguém, para não ser pisado.Terceiro: Não traía, para não ser traído.Quarto: Não minta, para não ser enganado.Quinto: Não brinque com os sentimentos de ninguém, para ninguém brincar com os teus.Sexto Não separe seus amigos dos seus amigos por ciúme ou inveja, para não que fique totalmente sozinho.Sétimo: Não provoque, para não ser provocado.Oitavo Não faça ninguém sofrer, para que seu sofrimento não seja maior do que dele.Nono: Não faça ninguém chorar, para não ficares com eternas lágrimas pelo rosto.Décimo: Não odeie, para não ser odiado... Procure amar sempre, tente, se esforce em amar aqueles que te machucam, te desprezam e que te detestam.Grave bem... Tudo Tem Seu Retorno... Pode ser ele, Bom Ou Ruim... Pois todo retorno depende de que a forma você tem levado a sua e agindo com as pessoas.